MEU QUERIDO, MEU VELHO, MEU AMIGO

A Academia Paraense Letras homenageou o mestre Aldebaro Cavaleiro de Macedo Klautau. Cadê a homenagem da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/Pará - minha irmã Angela Salles, meu sobrinho Eduardo Klautau ? Cadê a homenagem da Assembléia Legislativa, onde o corpo dele foi velado ? Italo Mácola, não tem um deputado que tenha memória ?
Papai faria 100 anos se vivo fosse. 100 anos sem Macondo.
Então, conto uma que, a partr de hoje, vou passar a contar desse maluco maravilhoso que tive a sorte de ser meu pai.
Ele acordava todos os dias cinco da manhã, preparava o café e levava pros filhos e filhas - seis mulheres, seis homens - . Uma xícara que era um convite.
Quem queria levantar, levantava e ia encontrar com ele na biblioteca - um espaço lindo, cercado de livros por todos os lados e pra mim, que era o menor, uma estante giratória, com os clássicos da literatura brasileira.
Ás vezes, não falavamos nada. Só líamos e escrevíamos, juntos.
Muitas vezes, perguntávamos : - pai, o que é isso ?
Ele, ou dizia a resposta, ou dizia a dúvida: - não sei, vou saber e amanhã lhe digo.
Amanhã, ele dizia.
Papai não admitia que os filhos chamassem ele de senhor : - o Senhor está no céu. Nós somos amigos na terra. É tu ou você.
Viva quem nos fez viver com a companhia da Judith que também tem muitas histórias pra contar.