Monday, February 26, 2007

ACONTECE E PARECE

Bernardino Santos, na sua muito lida coluna, diz que o PSDB do Pará está dividido em tres tendências : os almiristas, os jatenistas e os independentes. Parece que acontece, mas não aparece. Quem serão os líderes e os membros de cada uma das tendências, se é que elas existem mesmo ? É trovato mas será que é vero? Se vero é, vamos esperar para dar o nome, não aos bois, mas aos tucanos.
O que é claro é a indecisão do PSDB para ser oposição, depois de 12 anos de situação. Falta decisão, ão, ão, ão. O cientista político Leôncio Martins Rodrigues - quem já leu os livros ou os textos dele sabem quem é o cara - dá o caminho das pedras ( tem muita pedra nesse blog ) para o PSDB sair do muro onde voltou a se abrigar. Na revista Época dessa semana, mestre Leôncio dá as dicas pro partido encontrar seu perfil oposicionista.
1 - diminuir a imagem de ser um partido de elite ou das classes médias do Brasil desenvolvido;
2 - ganhar voto entre a massa de eleitores pobres do Nordeste e do Norte;
3 - consolidar novas lideranças com possibilidades de substituir os grandes nomes do passado;
4 - encontrar uma resposta adequada para o neopopulismo assentado nas "políticas sociais" de Lula;
5 - evitar uma cisão entre suas principais lideranças;
6 - barrar uma possível onda adesista nas franjas do partido, que não conseguem, como a maioria dos políticos brasileiros, ficar longe do calor do poder.
Resumo tudo com o título da entrevista de Leôncio Martins Rodrigues: "Não dá mais pra ignorar os pobres".

8 Comments:

Anonymous Anonymous said...

No caso da oposição no Pará, acrescentaria que é preciso não cometer os mesmos erros nacionalmente cometidos, dentre esses destaco que é preciso respeitar o adversário e compreende-lo melhor antes de trata-los com se fossem um bando inexperiente, que não acertará governar.

4:08 PM  
Anonymous Anonymous said...

A democracia moderna surge junto com a era industrial.
Só tem duas elites: os empreendedores e os trabalhadores.
Nesse sentido só existem dois partidos políticos com condições de disputar a hegemonia: o PE-Partido do Empreendedor e o PT-Partido do Trabalhador.
Nos paises com a democracia mais consolidada, temos os Republicanos, os Conservadores e por aí vai, representando os empreendedores e temos os Democratas, os Trabalhistas etc representando os trabalhadores.
O PT, por aquí, tem base é orgânico e representa o centro para a esquerda.
O PE, por aquí, ainda não se definiu,portanto os partidos que poderiam assumir os milhões de empreendedores ainda não tem identidade, não sabe se é centro, esquerda, direita, centro-centro, centro-direita, centro-esquerda, ou se é só moralista, com viés acadêmico, ou oligarca,ou burocrata. Não é orgânico, não é espelho.

5:27 PM  
Anonymous Anonymous said...

Afonso, o Professor Leôncio sempre foi arrogante, o que não desqualifica sua análise. Mas, essa característica nele é tão forte que afeta sua linha de olhar o mundo.

As derrotas eleitorais do PSDB e seus aliados em 2006 não serão resolvidas com a vontade de "correr atrás dos pobres". Não adiante mudar de torcida. O time é coxo e não tem noção do campo em que joga.

Discordo também da sugestão dele para o PSDB diminuir sua imagem de partido de classe média. Ao contrário do que diz o Professor, penso que o PSDB tem é que assumir que é isto, e pronto! Sem vacilação e sem vergonha!

Aliás, Leôncio e Weffort sempre foram a expressão da confusão dos intelectuais elitistas que se aliaram ao PT por "remorso de classe", diferente da posição sempre lúcida do Chico de Oliveira ou da Marilena Chauí, que, conscientes da sua limitação de classe, contribuem para o aprimoramento desta vã democracia, mesmo Chico tendo deixado o partido e Marilena permanecido.

Minha avaliação é rasa, mas acho que é lógica: os mais favorecidos o PFL e o PMDB sempre representaram, os pobres o PT diz representar mas o faz de forma confusa - a não ser que acreditemos que políticas sociais sem link com mudanças estruturais nos levarão a lugar melhor e que a manutenção da política econômica é o caminho para a mudança - e o PSDB precisa ter coragem de assumir seu único lugar: representar as camadas médias da sociedade, ser "apenas" isso. Se o fizer sem vacilações, estará cumprindo sua missão, apoiando a implementação de políticas públicas que favorecerão o "andar de baixo", como diz o Gaspari.


Abração.

3:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

ak disse.
José Carlos, anônimo e Adelina:
Compreender a estratégia do adversário, definir se é o partido dos pobres ou da classe média ou dos empreendores nos leva a uma conclusão comum: o PSDB do Pará está que nem tucano perdido na floresta dos leões. Sabe de onde vem, mas não sabe pra onde vai e, por isso, não tem a menor idéia do rumo que vai tomar. Ou seja, tem que tomar decisões. Obrigado pela participação de vocês no blog que, espero, vá continuar. Afinal, sem oposição, não há democracia.
Afonso Klautau.
PS: Adelina, mais arrogante que a Marilena Chauí ?

4:49 AM  
Anonymous Anonymous said...

8 x 23 disse ...

Tens razão: não dá mesmo pra ignorar os pobres. O povo quer a solução do seu problema para ontem. Está respirando com ajuda de aparelhos. Como os projetos do PSDB, distantes do assistencialismo, são para médio e longo prazos, acabam passando dispercebidos. Sem que o povão sinta por perto e, sequer, perceba que há preocupações com ele.
Nada supera uma renda, por menor que seja, depositada na conta do indivíduo, como vem acontecendo com a famigerada Bolsa Família. Se daqui há 10, 20 anos, estivermos em uma situação pior, procure-se, então , uma outra solução. São outros 500 mil réis , como se diz por aí.

8:37 AM  
Anonymous Anonymous said...

Afonso, talvez a palavra arrogância não tenha sido uma boa escolha minha. Mas discordo que ela caiba igualmente para Leôncio e para Marilena. Ela tem a ansiedade dos que querem apontar saídas. Leôncio tem a presunção de que sempre soube qual o caminho das pedras. Pra mim isso faz muita diferença.

Quanto ao PSDB, insisto na minha avaliação. O Partido nasceu confuso, portanto é difícil ter pra onde voltar. Fruto do desgosto de figuras nobres do PMDB - o "nobres" não é sarcástico! e de divergências regionais insanáveis com os caciques da época, uma turma de pessoas decentes fundou um Partido sem chão.

Assim, a crise de identidade começa cedo. Ao se propor a ser o guarda-chuva dos descontentes com os rumos que o PMDB tomava na ocasião - que só piorou sua rota ao longo dos anos -o PSDB tentou ser o PMDB-Popular, ou das massas, ou seja lá o que fosse.

Não conseguiu. Ao mesmo tempo ansiava ser um partido voltado pras camadas médias da sociedade - lembra do choque de capitalismo do Covas ? - mas não soube faze-lo sem constrangimentos e aí não foi "confiável" para ninguém: parecia mentir para a clsse média e para os miseráveis.

Na verdade o papel que o PSDB não cumpriu deixou um vácuo que foi ocupado de forma fracionada não por outros partidos integralmente, mas por lideranças de diversos partidos. Exemplos: Pedro Simon, Roberto Freire, Eduardo Suplicy, o próprio Genoíno,antes do mensalão, Aloysio Mercadante, só pra citar alguns. Além, é claro, de lideranças do próprio PSDB: Serra, Aécio, Yeda Crucius. Refiro-me apenas aos que estão em campo.

Tenho convicção que o PSDB não é cachorro morto. Mas, é cachorro treinado pra caçar perdizes e aqui elas não existem.

Desliguei-me do Partido em 1992, pelas razões que expus acima. Mas certamente o PSDB tem um lugar nesta confusa constelação democrática que com muito esforço construímos, os brasileiros que como você, eu e meia dúzia de três ou quatro, acreditamos que pior do que maus partidos é a ausência deles.

Abração.

1:01 PM  
Anonymous Anonymous said...

ak disse.
Adelina, não seria uma boa hora de relembrar o que o Covas - que tinha Almir Gabriel como vice - quis dizer que "precisamos de um choque de capitalismo" e não conseguiu dizer,naquela época, o que era isso?

1:12 PM  
Anonymous Anonymous said...

Afonso, acho que o erro de Covas foi usar a expressão “choque de capitalismo”, realmente esdrúxula, mas que nada mais era do que uma forma de explicitar o que o Programa do PSDB continha, e que a tucanagem pretendia ocultar, querendo parecer revolucionária para alguns. Covas não era hipócrita e não se envergonhava das suas posições, algumas até conservadoras.
Estava claro, para mim, que Covas, um democrata com passado nacionalista, propunha não a ausência do Estado, mas o seu recuo para áreas estratégicas, para que o país pudesse ultrapassar – gostássemos ou não – as fronteiras da globalização escolhendo entre duas formas: impondo restrições ideológicas ao capital estrangeiro ou construindo um Estado nacional forte o suficiente para se beneficiar desses interesses. Pelo menos foi esse o meu entendimento. E também que a opção dele era a segunda. Abração.

12:33 PM  

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