Wednesday, April 25, 2007

PÁRA COM ISSO
O Governo do Pará lançou nessa segunda, o edital para a escolha do novo slogan e da nova logomarca da atual administração. Com novidades, é claro, porque governo novo tem que ter novidade. Agora, o criativo povo paraense vai poder mexer como quiser nas peças oficiais. Explico: estamos associados ao "Creative Commons", uma entidade surgida nos EUA em 2001 e, no Brasil, coordenada pela Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro. Chique, né.
Creative Commons pretende democratizar o uso de peças "artísticas" permitindo a interveção de quem quiser nessas peças, sem ter que pagar direitos autorais. Idéia legal.
Segundo o coordenador da CC no Brasil, Ronaldo Lemos, Commons, em inglês, significa "pedaço de terra dedicada ao uso comum", e não tem tradução pro português porque "ainda não achamos um termo adequado". Coisa complicada.
O governo do Pará é o primeiro no mundo a aderir ao CC e terá que exibir o selo CC nas peças oficiais. CC, cada coisa.
Então, pensemos: digamos que a logomarca tenha a palavra Pará. O criativo povo paraense vai poder intervir, nessa democratização, transformando o Pará em Parado, Para trás, Parou por que, e outras mais.
E me pergunto: quem vai ter a pachorra de mexer na logomarca do governo, a não ser pra esculhambar ?
Já que agora somos Creative Commons, dou uma sugestão, a exemplo do Chico Buarque - benção, Chico - que sugeriu o "Ministério do Vai Dar Merda", poderíamos criar a "Secretaria do Pára com Isso".

4 Comments:

Blogger Hiroshi Bogéa said...

Tomei conhecimento da boa nova da Coordenadoria de Comunicação ao ler na noite de ontem (24) matéria da Agência Pará sob título “Governo inicia processo para escolha da logomarca e slogan oficiais”, anunciando o Creative Commons. Descontada a ignorância natural de um cabôco interiorano, inicialmente imaginei tratar-se de um jogo interativo. Li a segunda a vez, e terminei engasgando no trecho da matéria que fala do uso da licença do CC como princípio da “generosidade intelectual por meio de uma criação coletiva”. Aí o crioulo no samba endoidou de vez. Não sabia se entendia ou procurava reler tantas vezes fosse necessária na tentativa de esclarecer a mim mesmo a importância da ferramenta para o processo de comunicação do governo.
Fechei os olhos a matutar a gracinha de tantos e tantos paraenses graciosamente adulterando o símbolo de identificação da gestão estadual, e vi garranchos e desenhos de todas as origens sobrepostos à logomarca. Laboratório experimental de primeiríssimo nível.
Seu post “Pára com Isso” pelo menos aliviou um pouco meus delírios ao trazer à luz o significado aproximado da expressão inglesa que, ora veja, também ainda não possui tradução aportuguesada conforme o coordenador da CC no Brasil. Mas tá de bom tamanho, Klautau. Cabe perfeitamente à imagem e semelhança do que poderá vir a ser esse barato nas mãos de nossa gente criativa: pedaço de terra de ninguém.
Pelamordedeus! E a gente pensando que o governo está precisando mesmo é falar cara a cara com sua população para dizer o que está fazendo de bom. Desse jeito aí, vão demorar a acertar.
Mas Commo nóis somos Creative, bate tambor, êêêê!

9:18 AM  
Anonymous Anonymous said...

Afonso e Hiroshi,

aí vai minha "palhinha":
o representante da CC, com certeza homem de fino trato, não quis chocar-nos, a nós, seres idílicos e idiotas.

O sentido de "commons" com o qual ele nos deliciou, é defendido pelo criador da CC, um jovem executivo (Roaldo Lemos) centrado na flexibilização do direito autoral.

Assim, parem de bater tambor e vão rapidinho proteger os seus escritos!

Abração.

PS: acho que estou sendo retrógrada na minha apreciação, mas já tenho iodade pra isso!

Outro abraço procês.

2:43 PM  
Blogger Fábio Cavalcante said...

Ué AK, não entendi onde quiseste chegar com o seu post "PÁRA COM ISSO". O tom que mais me chamou a atenção no texto foi o de "tiração de sarro" com o CC - me corrija se eu estiver enganado, ok?. Ao mesmo tempo, parece que você não conhece as licenças CC o suficiente; o que torna o "sarro" muito inoportuno.

O uso do CC não autoriza necessariamente às pessoas "mexerem como quiserem" nas obras intelectuais. Isso depende da licença especificada (e que são várias, cada uma oferecendo diferentes direitos do público sobre a obra).
Exibir o CC nas peças é equivalente a exibir o C (de Copyright). E sempre há espaço para colocar esse C nas coisas!
Se alguém fizer uma intervenção na logomarca (que seja uma esculhambação, uma crítica, ...), a licença permitindo torna as relações mais suaves. Evita problemas com a lei do Copyright, que torna o autor da modificação um criminoso.

Acho que é importante estar de olho no andamento deste edital, e botar a boca no trombone caso apareçam irregularidades.
Agora, disponibilizar o resultado deste edital em CC não é motivo pra alarde. A escolha da licença pelo governo ainda ajudará a divulgar mais esse modo de proteção intelectual que, acredito, é mais condizente com a sociedade tecnológica de hoje.

Só mais um negocinho: já vi algumas coisas de outros governos estaduais licenciadas em CreativeCommons na net. Essa página aqui do Governo de SP, por exemplo - http://www.acessasp.sp.gov.br/html/ está em Copyleft. Dá pra ver a logo do CC à direita, lá embaixo.
Bem, um grande abraço aí.

9:25 PM  
Blogger dklautau said...

Fala dotô!
Agora pegou na veia!
Fiscalização é sempre bom. Você vai gostar de conhecer o Pondé, meu orientador. Ele sempre diz que a epistemologia (teoria do conhecimento) é na verdade uma weapon box, armas para gente arrancar o conhecimento.
Parabéns!

4:24 AM  

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